Aparelho Fonador
Três sistemas compõem o aparelho fonador:
O sistema fonatório e o sistema articulatório constituem o trato vocal. O sistema fonatório é o local em que ocorre o vozeamento. O sistema articulatório é o local em que o movimento dos articuladores define as propriedades de cada som.
O sistema articulatório é constituído de três cavidades:
O sistema articulatório funciona de maneira diferente para as vogais e para as consoantes. Vogais são produzidas por diferentes configurações assumidas pela língua e pelos lábios. Consoantes são produzidas pela interação entre articuladores passivos e ativos em diferentes pontos e modos de articulação.
Diversas configuações assumidas pela língua e pelos lábios definem os parâmetros articulatórios das vogais. Assume-se que as diferentes articulações partem da posição de repouso da língua e dos lábios. São quatro parâmetros articulatórios que definem as características articulatórias das vogais: Altura, Avanço/Recuo, Arredonamento dos lábios e Véu-palatino.
Altura: A língua pode assumir quatro posições de altura a partir da posição de repouso: alta, média-alta, média-baixa, baixa. A altura da língua pode ter como correlato a abertura da boca: fechada, meio-fechada, meio-aberta, aberta.
Avanço / Recuo: A língua pode assumir três posições horizontais: anterior (avançada), central, posterior (recuada).
Véu-palatino: Vogais podem ser orais ou nasais. Vogais nasais são produzidas com o véu palatino abaixado, de maneira que o ar sai tanto pelas narinas quanto pela boca. Vogais orais são produzidas com o véu palatino levantado, de maneira que o ar sai somente pela boca.
Arredondamento dos lábios: na articulação das vogais os lábios podem assumir duas posições: arredondados ou não-arredondados (ou estendidos).
GLIDES
Um glide (lê-se: [ˈɡlaɪ̯dʒɪ] ou [ˈɡlaɪ̯dɪ]) é uma vogal assilábica que obrigatoriamente co-ocorre com uma vogal que é silábica. A vogal será o núcleo da sílaba e o glide é um elemtno dependente do núcleo. Glides, portanto, sempre ocorrem adjacentes a uma vogal e não ocorrem sozinhos em uma sílaba. Glides são também denominados semivogais.
Glides ocorrem em ditongos, que são sons vocálicos produzidos continuamente a partir do deslocamento da língua da posição articulatória de uma vogal para a posição articulatória do glide (ditongos decrescentes) ou da posição articulatória do glide para a posição articulatória de uma vogal (ditongos crescentes).
Ditongos decrescentes se iniciam por em uma vogal e terminam em um glide. A articulação decresce de uma vogal para um glide.
Ditongos crescentes se iniciam por um glide e terminam em uma vogal. A articulação cresce de um glide para uma vogal.
Nos ditongos sugerimos que os glides no português sejam transcritos por [ɪ̯, ʊ̯].
A nossa sugestão é que os símbolos [w, y, ỹ] – que têm características de vogais assilábicas (glides) – sejam adotados nos casos de vocalização de consoantes no português brasileiro, como, por exemplo: sal [saɫ] ~ [saw]; velha [ˈvɛʎə] ~ [ˈˈvɛyə] ou senha [ˈsẽɲə] ~ [ˈsẽỹə].
Alguns pesquisadores adotam um único símbolo para os glides em ditongos e glides decorrentes da voalização de consoantes. As duas transcrições são apropriadas desde que justificadas na análise proposta.
Consulte ‘Perguntas Frequentes’ no ‘Menu Inferior’ da página principal.
Consoantes são produzidas pela aproximação completa ou parcial de articuladores que podem ser passivos ou ativos. Os articuladores passivos não se movimentam durante a articulação da fala. Os articuladores ativos se movimentam na direção de um articulador passivo durante a produção de uma consoante, definindo o PONTO DE ARTICULAÇÃO desta consonante.
Os articuladores passivos são: lábio superior, dentes superiores, alvéolos, palato duro, palato mole (ou véu palatino), úvula.
Os articuladores ativos são: lábio inferior, língua, véu palatino, pregas vocais.
A língua que é um articulador ativo que pode ser dividida em: ponta, lâmina, parte anterior, parte central, parte posterior.
Observe que o véu palatino pode ser articulador ativo na articulação de consoantes nasais e articulador passivo na articulação de consoantes velares.
Passe o mouse sobre os pontos da figura para ver a descrição dos articuladores passivos e ativos.
PONTO DE ARTICULAÇÃO:
Um ponto de articulação define quais pontos do sistema articulatório se aproximam ou se tocam na produção de consoantes: ou seja qual é a direção do articulador ativo em direção ao articulador passivo. O ponto de articulação pode também ser referido como lugar de articulação, i.e., o lugar do sistema articulatório em que o articulador ativo se aproxima ou encontra o articulador passivo.
Oito pontos de articulação definem as consoantes do português em que o articulador ativo se move em direção ao articulador passivo.
Bilabial: o lábio inferior se move em direção ao lábio superior.
Lábio-dental: o lábio inferior se move em direção aos dentes superiores.
Dental: a ponta/lâmina da língua se move em direção aos dentes superiores.
Alveolar: a ponta/lâmina da língua se move em direção aos alvéolos.
Alveopalatal: a parte anterior da língua se move na direção entre os alvéolos e o palato duro.
Palatal: a parte central da língua se move em direção ao palato duro.
Velar: a parte posterior da língua se move na direção ao véu palatino.
Glotal: as pregas vogais se movem entre si, funcionando como articuladores ativo e passivo.
MODO DE ARTICULAÇÃO:
O modo de articulação define o tipo de obstrução da passagem da corrente de ar que ocorre durante a produção de uma consoante. Pode ser também referido como maneira de articulação.
Oito modo de articulação definem as consoantes do português: oclusivas, nasais, fricativas, africadas, tepes, vibrantes, retroflexas e laterais.
Oclusivas: ocorre a completa oclusão da passagem da corrente de ar, tanto pela cavidade oral quanto pela cavidade nasal. Podem também ser referidas como plosivas. Ao término da oclusão o ar é expelido pela boca.
Nasais: ocorre a completa oclusão da passagem da corrente de ar pela cavidade oral. O ar tem acesso à cavidade nasal sendo expelido pelas narinas e também pela boca após a soltura da oclusão.
Fricativas: ocorre fricção durante a produção das consoantes. Podem ser classificadas como fricativas anteriores ou fricativas posteriores.
Africadas: ocorre inicialmente oclusão total da passagem da corrente de ar e em seguida ocorre fricção. Africadas são constituídas por dois modos de articulação: oclusivo e fricativo.
Tepes: ocorre uma completa e brevíssima oclusão da passagem da corrente de ar.
Vibrantes: ocorrem várias obstruções e aberturas da passagem da corrente de ar.
Retroflexas: ocorre a aproximação dos articuladores quando há retroflexão da parte posterior da língua e concomitantemente o levantamento e recuo da ponta da língua. Podem ser denominadas consoantes aproximantes.
Laterais: ocorre a vazão lateral da corrente de ar e a obstrução da passagem da corrente de ar ocorre na parte central do trato vocal. Podem ser denominadas consoantes aproximantes.
VOZEAMENTO:
O vozeamento decorre da vibração das pregas vocais que são músculos estriados localizados na laringe. Quando as pregas vocais estão separadas (figura da esquerda) o ar passa livremente pela laringe e não ocorre a vibração das pregas vocais: os sons são não-vozeados. Quando as pregas vocais estão apenas um pouco próximas (figura do centro) ocorre a vibração parcial das pregas vocais: os sons são desvozeados. Quando as pregas vocais estão aproximadas (figura da direita) o ar que passa pela laringe encontra dificuldade para passar pela passagem estreita e ocorre então a vibração das pregas vocais: os sons são vozeados.
Vogais são tipicamente vozeadas, podendo também ocorrer como desvozeadas.
Consoantes pode ser não-vozeadas, parcialmente vozeadas ou vozeadas.